De todos os comentários técnicos apresentados na mídia, segundo a minha visão do caso, faltou a abordagem de alguns parâmetros que considero tecnicamente relevantes para uma análise consistente e confiável do acidente ocorrido na ciclovia:
1) O esforço físico causador do arrancamento do trecho de tabuleiro da ciclovia, sendo de natureza "dinâmica" (área da engenharia mecânica que estuda os esforços atuantes, e recebidos, por um corpo em movimento) foi proveniente da variação da "quantidade de movimento da onda" - massa x velocidade da vaga - durante o período de contato da onda com o tabuleiro, o que gerou um esforço chamado de “Força Impulso”.
2) Particularmente, e especificamente, o "trecho de tabuleiro da ciclovia que foi objeto de arrancamento e queda", sob condições de existência de ressaca (mar agitado) na região, sofre esforços decorrentes da "quantidade de movimento da onda" (massa x velocidade da vaga) muito superiores aos incidentes nos demais trechos de tabuleiro ao longo de toda ciclovia, em função da existência, naquele local, de 3 (três) "túneis" (vãos) sob a Av. Niemeyer. Tais "túneis" propiciam, naquela região, uma "quantidade de movimento da onda" - massa x velocidade da vaga - bem mais elevada do que ao longo de todo o resto da ciclovia em que a encosta é maciça. Por conseguinte, a análise do efeito provocado pelas ondas do mar na ciclovia deve merecer um estudo especial naquela local.
3) O resultado deste estudo irá, invariavelmente, demandar a revisão de todo o projeto estrutural da ciclovia, dado que os "esforços mais elevados", decorrentes das ondas do mar atuantes na estrutura no trecho dos "túneis", se propagam ao longo de todos componentes construtivos - pilares, tabuleiros, ancoragens e elementos de ligação - de toda estrutura suporte da passarela cicloviária.
Tal estudo que deve servir de fundamento da concepção técnica do projeto da ciclovia, será igualmente relevante, e indispensável, para a elaboração de uma adequada "instrução técnica de manutenção preditiva, preventiva e corretiva" da estrutura da passarela cicloviária.
Francisco P. Mourão
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